Geadas atingem cafezais no Cerrado Mineiro e preocupam produtores
São Paulo, 18 de agosto de 2025 (Qahwa World) – Cafezais da região de Patrocínio, considerado o maior município produtor de café do mundo, foram atingidos por geadas na madrugada de segunda-feira, segundo informou à Reuters o presidente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Gláucio de Castro. O fenômeno climático pode ter afetado os botões florais destinados à próxima safra.
Além de Patrocínio, municípios vizinhos como Araxá e Indianópolis, também localizados no Cerrado Mineiro – região estratégica para a produção de café arábica do Brasil – registraram geadas. Contudo, Castro ressaltou que a real dimensão dos danos só poderá ser confirmada após o período de floradas.
Impacto preliminar
De acordo com a avaliação inicial, as geadas foram classificadas como “de capote”, atingindo principalmente a parte superior das plantas. Embora menos intensas e abrangentes que as ocorridas em 2021, quando a safra seguinte foi severamente comprometida, elas ainda podem reduzir o potencial produtivo.
“As geadas dessa vez foram mais de capote, pegaram mais o lado superior da planta. Mas, de qualquer forma, afeta”, afirmou Castro.
O dirigente destacou que os botões florais atingidos são sensíveis e poderiam florescer entre setembro e outubro, com a chegada das chuvas. No entanto, os efeitos do frio podem se revelar apenas mais adiante. “Essa queima dos botões florais é meio silenciosa, só vamos ver para frente se vai abrir flor”, explicou.
Levantamentos em andamento
As cooperativas do Cerrado Mineiro estão realizando levantamentos sobre eventuais perdas. Segundo relatos preliminares de produtores, os danos representariam cerca de um terço do impacto causado em 2021. Entretanto, Castro alertou que é cedo para estimar números com precisão.
Em casos de geadas mais intensas, quando ambos os lados da planta são comprometidos, os agricultores recorrem ao “esqueletamento” – poda drástica que implica na perda total da produção da safra seguinte.
Reflexo no mercado
Na segunda-feira, o café arábica negociado na bolsa ICE encerrou em alta de quase 4%, impulsionado pelos relatos de geadas no Brasil, maior produtor e exportador global da commodity. Porém, nesta terça-feira, os preços recuaram, devolvendo parte dos ganhos.
Situação em outras regiões
Cooperativas do Sul de Minas, como a Cooxupé (Guaxupé) e a Minasul (Varginha), informaram que as geadas se concentraram em áreas de baixada, sem maiores danos às lavouras.
Segundo a consultoria StoneX, o Sul de Minas deverá produzir pouco mais de 15 milhões de sacas de 60 kg em 2025, enquanto o Cerrado Mineiro deve registrar 6,2 milhões de sacas.
